SÓ PRA TROCAR FIGURINHAS, TAREFINHAS, HISTORINHAS...

Dia desses, numa aula, aproveitei uma música que os alunos estavam cantando pelos corredores em tom de galhorfa. Era quase carnaval e a música buscava ritmo através de três diminutivos (bicicletinha, sainha e calcinha... ou coisa parecida, não lembro bem). A aula era sobre as concepções sociais, políticas, filosóficas etc, que se escondiam por trás daquilo que lemos e vemos em nosso cotidiano. Que concepções estariam subjacentes às músicas que cantamos? Que concepções propagamos, através dessas músicas, sem nem perceber?
E aí aconteceu a ideia. Por que não aproveitar essas CONVERSAS DE CORREDOR, num blog, para troca de figurinhas? Talvez seja interessante reproduzir aqui algumas das curiosas (e fazendo uso do ritmo à lá 'inha') historinhas que nós professores vivenciamos pelos corredores das escolas onde trabalhamos... Taí, então, vamos ver no que dá.

domingo, 24 de janeiro de 2010

TROCANDO IDEIAS, mesmo sem acento

Tem gente que não sabe, mas professor não sabe de tudo.
Durante um tempo disseminou-se a ideia de que os professores sabiam responder qualquer questão (denotativamente ou conotativamente, de prova ou do cotidiano). Acho que naquela época, eles deviam sofrer bastante, tendo que fingir o tempo todo. A sociedade pensava que 'bom' professor era aquele que sabia tudo, a quantidade de conhecimento que tinha (ou que fingia ter) é que era importante.
Hoje, graças a Deus, nós professores podemos dizer 'sem medo' que não sabemos tudo, mas nos esforçamos muito para saber bastante e aprender sempre. Apesar do salário, e do corre-corre, e do preço de livros e das mensalidades de cursos de capacitação, e da dificuldade de se fazer (depois de já se estar no mercado-de-trabalho) um mestrado ou doutorado em universidade pública...
Mas ainda há resquícios daquela forma de pensar nos atos de alguns pais e de alguns alunos hoje. Por exemplo, qualquer um pode errar a grafia de uma palavra. Professor, não. Seu texto precisa ser perfeito. Mesmo aqueles extremamente 'informais', que servem de desabafo. Professor não pode 'errar'. A pressão é tão grande que revisamos 'trocentas' vezes antes de divulgar. Outro resquício visível e sofrível, principalmente para os professores de português, é perceber que as pessoas, no meio de um bom papo, começam a gaguejar ou 'medir as palavras' quando descobrem sua profissão. Os discursos começam a ficar tão artificiais, que eu (por exemplo) perco até a vontade de continuar a conversa. Acredite, até o melhor professor de português não estará preocupado em catar erros na fala de ninguém durante uma conversa. Não trabalhamos em tempo integral. Professor é uma profissão, não uma anomalia genética.
Tão mais fácil que aceitássemos que professor é, apenas, alguém que gosta de estudar, que acredita nas certezas e dúvidas trazidas pelo conhecimento, que tem por objetivo levar outros a também descobrir o prazer de (se) descobrir. Tão importante encontrar colegas com quem pudéssemos compartilhar o ônus e o bônus da nossa profissão, sem competição.
Tão bom que pudéssemos ser vistos apenas como pessoas, ao menos às vezes.

2 comentários:

  1. Isso me lembra a musiquinha do Chico...

    Procurando bem
    Todo mundo tem pereba
    Marca de bexiga ou vacina
    E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
    Só a bailarina que não tem
    E não tem coceira
    Verruga nem frieira
    Nem falta de maneira
    Ela não tem

    A bailarina é de plástico. Professor não.

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  2. é, amiga... jornalista tb sofre, em parte, desse mal. Vai jornalista trocar uma vírgula ou ficar em dúvida sobre uma conjugação mais estranha para ver o "Deus nos acuda"! Ou então, vai jornalista dizer que não está sabendo do último acontecimento... "como assim? você não lê jornal??????"

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