SÓ PRA TROCAR FIGURINHAS, TAREFINHAS, HISTORINHAS...

Dia desses, numa aula, aproveitei uma música que os alunos estavam cantando pelos corredores em tom de galhorfa. Era quase carnaval e a música buscava ritmo através de três diminutivos (bicicletinha, sainha e calcinha... ou coisa parecida, não lembro bem). A aula era sobre as concepções sociais, políticas, filosóficas etc, que se escondiam por trás daquilo que lemos e vemos em nosso cotidiano. Que concepções estariam subjacentes às músicas que cantamos? Que concepções propagamos, através dessas músicas, sem nem perceber?
E aí aconteceu a ideia. Por que não aproveitar essas CONVERSAS DE CORREDOR, num blog, para troca de figurinhas? Talvez seja interessante reproduzir aqui algumas das curiosas (e fazendo uso do ritmo à lá 'inha') historinhas que nós professores vivenciamos pelos corredores das escolas onde trabalhamos... Taí, então, vamos ver no que dá.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

ENTRE PAIS, PROFESSORES E PROVAS

Houve um tempo, num passado bem distante, quando os estudantes ainda estudavam, no qual os professores podiam corrigir provas sem desgaste emocional. O período de avaliações era de silêncio e reflexão 'nos corredores'. Os que sabiam a matéria, repassavam para os colegas que não sabiam, ali mesmo, na frente da porta, ou mesmo dentro da sala, copiando, explicando, resumindo... Era um momento de verdadeiro aprendizado, que antecedia a aplicação dos testes. Nesse contexto, restava aos professores tirar uma ou outra dúvida, daqueles menos atentos, e corrigir aquilo que havia apreendido dos conteúdos ensinados. E os pais? Ora, era nessa época que eles eram verdadeiramente pais. Aproximavam-se mais dos filhos, orientavam para que estudassem, faziam horários de estudo, cobravam para que fosse cumprido, exigiam postura diante do desafio (as fórmulas, as regras, os acontecimentos), relembravam aos mesmos a sua própria época de estudantes, explicavam a importância daquela disciplina toda para o futuro de seus pupilos, faziam-se de exemplos vivos para os mesmos. Era, também, o momento dos filhos mostrarem a seus pais que 'podiam sentir orgulho' deles, que estavam se dedicando e se esforçando.
Houve um tempo quando a culpa pela nota baixa não era exclusivamente do professor.
Hoje, época de prova parece ser de caça às bruxas, ou ao professor, como achar melhor.
Os estudantes, que não estudam como antes, criam estratégias cada vez mais eficazes de 'fila em massa', contratam 'nerds' que tem desejo assumido de se tornar 'populares' para responder completa ou parcialmente as propostas que serão entregues pelo professor. Arquitetam posições/lugares em sala, códigos ultrassecretos, trocas de informações que nem o FBI conseguiria detectar... e o professor é o culpado, no final das contas, de não 'estar em dia' com as 'novas tecnologias filacionais'. Quando alguns filam e outros não, há uma tragédia escolar. Os pais dos menos preparados acusam professores de não terem percebido o que acontecia durante a aplicação da prova, acusam-nos do filho não ter se saído bem e da hipótese, elaborada não sei a partir de que teórico, de que 'se todos filaram era porque a prova estava impossível de ser feita'. (Ora, não era porque os estudantes não querem estudar mais?). Coordenadores, diretores e professores ficam encurralados entre pais que querem explicações imediatas para problemas que se apresentaram desde o início dos ano...
"- Seu filho, pai, sai da aula para bebe água e não volta.
- E não tem ninguém que possa lembrá-lo de voltar à aula?"
Houve um tempo quando pais e professores eram aliados pela educação.
Os pais mudaram. Os professores mudaram. Os estudantes mudaram, também.
Quem mudou para melhor?

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